quinta-feira, 13 de outubro de 2011

'Água para Elefantes' .

''Tenho 90 anos. Ou 93. Uma coisa ou outra.
Quando temos cinco anos, sabemos até os meses de nossa idade. Mesmo por volta dos 20 sabemos quantos anos temos. Tenho 23, dizemos, ou talvez 27. Mas quando voltamos aos 30, algo estranho começa a acontecer. A princípio, é um mero sobressalto, um instante de hesitação. Quantos anos você tem? Ah, eu tenho - você começa confiante, mas depois para. Ia dizer 33, mas não é essa a sua idade. Você está com 35 anos. E isso o incomoda, pois você fica imaginando se não é o início do fim. Claro que é, mas ainda faltam décadas pra você admitir isso.
Começamos a esquecer as palavras: elas estão na ponta da língua, mas, em vez de simplesmente saírem, permanecem ali. Subimos a escada para buscar alguma coisa e, quando chegamos lá em cima, não lembramos mais o que estávamos procurando. Chamamos um filho pelo nome de todos os outros e até pelo nome do cachorro antes de acertar. Às vezes esquecemos em que dia estamos. E, por fim, o ano.
Na verdade, não é que eu tenha esquecido. Simplesmente deixei de prestar atenção. Passamos o milênio, disso eu sei - tanto barulho por nada, todos aqueles jovens chiando de tanta preocupação e comprando comida enlatada porque alguém teve preguiça de deixar espaço para quatro dígitos em vez de dois -, mas isso pode ter sido no mês passado ou já três anos. O que importa? Que diferença há entre três semanas, três anos ou até mesmo três décadas de purê de ervilha, mingau e fraldas geriátricas?
Talvez tenha 90 anos. Ou 93. Uma coisa ou outra.''

domingo, 2 de outubro de 2011

Sim, somos uma família.

Tudo começa de um jeito bem turbulento, na verdade ninguém queria estar ali, ninguém quer estar ali, mas o destino nos chamou, ou melhor, ele nos impôs, afinal assumimos um compromisso. E de um simples grupo de adolescentes, num lugar estranho começamos a constituir uma família um tanto quanto diferente.
Não, nada de pai , mães e filhos, não, estamos longe de ser uma família tradicional. Quatro pessoas, completamente diferentes e completamente iguais em cada um dos seu detalhes.
No inicio tudo tão estranho, ninguém parece se ajeitar, ninguém se entende, ninguém se ajusta, e frases como '' não pensei que seria tão difícil'' ou '' mas ela era tão igual a mim'' começam a surgir e você começa a se decepcionar, não com elas  mas com a situação .
Mas então passam dias, passam meses, e você começa a se adaptar, você começa a ver que elas tem defeitos mas não maiores que os seus e elas te aturam do mesmo jeito. Você começa a perceber que os estresses são compreensíveis visto que elas tem dias tão difíceis quantos os que você tem. Você começa a conhecer cada uma do seu jeito e a respeitar a sua dor. Você já entende que que se a Jê tá ouvindo música e cantando alto é porque ela provavelmente ta triste e quer esquecer, e você também aprendeu que se você ligar pra Fê depois das 22h ela não vai te atender porque certamente ela vai estar dormindo (''aquele sono lembra?''rs) e você também notou que se a Gabi passou um dia inteirinho sem falar com o Luizinho é porque eles com certeza brigaram rs, Que a Jê e a Fê ligam menos pra esporte do eu e a Gabi, que as três estão viciadas em novelas, que a Jê lê os capítulos da novela na revista e a Gabi e a Fê não gostam de ler livros. E o mais importante, você nota que elas fazem o que podem por você, pra te ajudar, pra te animar, pra te apoiar. E ai de repente traços de felicidade começam a exalar e você sente que pra uma antiga tortura você pode até ser feliz ali. Começa a sentir que os seus dias são tão melhores com um abraço, com um gesto ou apenas com a tranquilidade de saber que elas estão ali, que ao contrario do que você imaginou você já não está sozinha, já não é mais tão difícil. Que você fica feliz em saber que na medida do possível elas estão bem e que você reza todos os dias por elas. E que no final de tudo você tem a plena convicção que além de amigas elas passam agora a ser sua família e que vc as ama muito por isso.